
Sempre fui uma pessoa de muitos colegas e poucos amigos. Desde muito pequena entendo a diferença entre ter um AMIGO e um COLEGA. Isso sempre foi muito bom para mim, pois tenho contato com alguns desses meus AMIGOS até hoje. E como era uma lista restrita (ô pessoa VIP, heim?!...), nunca foram muitos. Portanto, fica fácil de contar algumas das minhas histórias com esses AMIGOS.
Hoje vou contar sobre a Carol (mais conhecida como Caroca – por mim, claro, que sempre invento um apelido carinhoso para meus amigos). Nós estudamos juntas durante o colegial no Wolny (uau, vocês não devem saber, mas era considerada a escola padrão do bairro).
A Caroca tinha tudo para ser minha inimiga número um: um cabelo grosso, preto e LISO, uma pele que mais parecia um bumbum de bebê, ou seria um pêssego... seja lá o que for, resume-se em perfeita, um jeitinho de meiga (não, não “meigalinha”, só meiga mesmo) e tinha peitos. PEITOS. Ahhhgggrrr, os maledetos PEITOS. Mas, ao invés de brigar e nos espancar, nós nos aproximamos. Desconfio que, talvez, pelo fato dela roer as unhas, eu permiti que ela fizesse parte da minha pequena e tão cobiçada “lista de amigos”. Afinal, isso por si só, já demonstrava seu total descontrole emocional e seu apurado gosto por bactérias intra-unhentas. Desta forma, ela perdeu um ponto no Check List da perfeição e passou a ser normal. OK, OK Ratinho, a versão não é bem essa. Na verdade eu também roia – tubo bem, rôo – minhas unhas à beça, e me pareceu bem interessante ter amizade com alguém que não ficasse batendo na minha mão o tempo todo e dizendo: “tira a mão da boca! Para de roer essas unhas! Que coisa mais feia! Suas mãos parecem de um homem!”. Desta forma, nos tornamos amigas inseparáveis da noite para o dia. Fazíamos tudo junto e sempre estávamos grudadas uma na outra (não pensem besteira, por favor!) Naquela época tudo era inocente. Andávamos de braços dados umas com as outras e isso não significava que tínhamos tendências ao lesbianismo. Muito pelo contrário, nos amávamos como amigas, apenas.
Tínhamos muitas coisas em comum e isso criou uma intimidade muito grande entre nós. Alguns exemplos são:
- Morávamos perto uma da outra, então íamos embora juntas everyday;
- Ríamos das mesmas coisas, fossem elas bobas, engraçadas, patéticas ou irritantes;
- Tínhamos um currículo familiar parecido. Éramos filhas de pais separados com mães neuróticas e irmãs pentelhas;
- Curtíamos as mesmas músicas. Éramos muito ecléticas quanto a isso. Muito mesmo, tanto que íamos de Sandy & Junior (tenho que confessar, gostava deles) à Nirvana numa mesma tarde;
- Éramos metidas a esotéricas. Tomávamos banhos de sal grosso, acreditávamos em anjinhos, bruxinhas, duendes e fadinhas, fazíamos perguntas esperando que o universo respondesse, do tipo: “Se ele gostar de mim, que um carro preto passe bem agora ou se for para acontecer, que uma folha caia agora da árvore”;
- Fazíamos o dia da beleza e nos divertíamos muito com isso. E, no final, nos achávamos “leindas”;
- Tínhamos vivido um triângulo amoroso, mesmo sem saber. Um dia (fatídico, diga-se de passagem) eu gostei de um “it” (do Inglês. Enquanto She é ela, He é ele, it é uma coisa). Neste mesmo dia fatídico, o it gostou da Caroca, que por sua vez esnobou o it. Só para você terem uma noção, o apelido do it era Chuck. Isso mesmo, o boneco assassino, mas, prefiro não comentar o caso.
- Éramos como Yin e Yang. Eu era a falante, a problemática, a ansiosa, a alegre, a neurótica (tudo num mesmo dia), enquanto a Caroca era a calma, a tranqüila, a companheira, a falante (também) e a filosófica;
- Por falar em filosófica, adorávamos criar teorias sobre tudo e todos. Principalmente sobre temas femininos. Éramos feministas e defendíamos nossos pontos de vista para qualquer um dos idiotas (homens) que conhecíamos;
- Ah, os idiotas em questão eram: Sérgio (o cara mais tosco, babaca e troxa que conheci, mas ao mesmo tempo o mais legal, sem sombra de dúvidas), Junior (que minha mãe insistia em dizer que se parecia com o Nalbert – o que nunca foi verdade), Igor (que, coitado, se sentia parecido com o Luciano Szafir. Desculpe-me Igor, mas nem depois da gripe suína, ta?!), Felipe (que não tinha nenhum dos defeitos que citei do Sérgio, mas também não tinha nem um 1/3 da única qualidade que citei. Resumindo: meio-termo, gente boa) e o Alan (“o produtor” – rsrs. Quanto a esse, prefiro não comentar. Não vou falar, não vou falar, VOU falar. Ele era o cão chupando manga no mapa do inferno de ponta cabeça, entenderam??? Eis que, acredite quem quiser, em nosso último reencontro, surge Alan, o Cara!!! Pois é, minha gente, o mundo dá voltas. O cão virou o gato!).
Mesmo com tanto em comum, obviamente, eu ainda via que não éramos tão parecidas assim:
- Eu continuava achando que ela tinha furado e passado várias vezes nas filas do céu nos quesitos cabelo, pele e peito;
- Detestava quando ela não demonstrava ciúmes das minhas outras amizades (esse ponto era foda, pois ela tinha um controle de suas emoções que me matava). Eu me mordia por causa do passado dela com a Midore e ela nada...;
- Por falar em auto controle, acho que sempre fui a “doente” da amizade. Enquanto eu chorava, gritava, gargalhava, berrava, cantava (ao menos pensava que...) e explodia, ela continuava lá, com aquela tranqüilidade absurda e aquele jeito reconfortante de ser;
- Ah, não podemos esquecer a história do it, né?! Afinal de contas, fui rejeitada por causa dela, certo?! (Só mais um adendo nesta história. Acredita que quando o it soube que nos tornamos amigas e sabíamos desse passado uma da outra, ele parou de falar conosco? Sério...);
- Outra coisa irritante na Caroca era que ela sempre sabia o nome de tudo. Tipo assim, enquanto eu tentava falar sobre uma música através do lá lá lá, ela sempre sabia o nome dela, da banda, do vocalista e etc. O pior de tudo é que a coisa se intensificava quando o assunto era em Inglês. Até hoje tenho essa dificuldade (mas hoje, graças a Deus, tenho o Google). Ela lembrava de nomes de filmes, de atores, de seriados de forma muito rápida.... ai, era um horror!
Mas, para fechar esse post, quero dizer que agradeço muito a Deus por ter colocado a Caroca em meu caminho. Ela foi uma pessoa muito importante e que contribuiu muito para tornar a minha transição da adolescência para a fase adulta em algo extremamente magnífico. Essa minha fase não teria o mesmo peso em meu coração sem a existência dela, com certeza. Ela foi a minha companheira das horas boas, boníssimas e maravilhosas, mas também das horas nem tão boas assim. Ficou do meu lado em todos os momentos, mas não deixou de me dar alguns puxões de orelhas, quando necessário. Era uma espécie de fortaleza para mim. Quando estava longe dela, mesmo tendo-a visto o dia inteiro, sentia muito sua falta.
Infelizmente nossas vidas têm que continuar seguindo por curvas próprias e, muitas vezes, algumas pessoas muito importantes vão se afastando, seguindo suas curvas também. Com isso outras pessoas cruzam nosso caminho e também deixam suas marcas.
Caroca, sei que nossos caminhos se desencontraram, mas tenha certeza de que, para mim, você é inesquecível!
Um beijo.
Hoje vou contar sobre a Carol (mais conhecida como Caroca – por mim, claro, que sempre invento um apelido carinhoso para meus amigos). Nós estudamos juntas durante o colegial no Wolny (uau, vocês não devem saber, mas era considerada a escola padrão do bairro).
A Caroca tinha tudo para ser minha inimiga número um: um cabelo grosso, preto e LISO, uma pele que mais parecia um bumbum de bebê, ou seria um pêssego... seja lá o que for, resume-se em perfeita, um jeitinho de meiga (não, não “meigalinha”, só meiga mesmo) e tinha peitos. PEITOS. Ahhhgggrrr, os maledetos PEITOS. Mas, ao invés de brigar e nos espancar, nós nos aproximamos. Desconfio que, talvez, pelo fato dela roer as unhas, eu permiti que ela fizesse parte da minha pequena e tão cobiçada “lista de amigos”. Afinal, isso por si só, já demonstrava seu total descontrole emocional e seu apurado gosto por bactérias intra-unhentas. Desta forma, ela perdeu um ponto no Check List da perfeição e passou a ser normal. OK, OK Ratinho, a versão não é bem essa. Na verdade eu também roia – tubo bem, rôo – minhas unhas à beça, e me pareceu bem interessante ter amizade com alguém que não ficasse batendo na minha mão o tempo todo e dizendo: “tira a mão da boca! Para de roer essas unhas! Que coisa mais feia! Suas mãos parecem de um homem!”. Desta forma, nos tornamos amigas inseparáveis da noite para o dia. Fazíamos tudo junto e sempre estávamos grudadas uma na outra (não pensem besteira, por favor!) Naquela época tudo era inocente. Andávamos de braços dados umas com as outras e isso não significava que tínhamos tendências ao lesbianismo. Muito pelo contrário, nos amávamos como amigas, apenas.
Tínhamos muitas coisas em comum e isso criou uma intimidade muito grande entre nós. Alguns exemplos são:
- Morávamos perto uma da outra, então íamos embora juntas everyday;
- Ríamos das mesmas coisas, fossem elas bobas, engraçadas, patéticas ou irritantes;
- Tínhamos um currículo familiar parecido. Éramos filhas de pais separados com mães neuróticas e irmãs pentelhas;
- Curtíamos as mesmas músicas. Éramos muito ecléticas quanto a isso. Muito mesmo, tanto que íamos de Sandy & Junior (tenho que confessar, gostava deles) à Nirvana numa mesma tarde;
- Éramos metidas a esotéricas. Tomávamos banhos de sal grosso, acreditávamos em anjinhos, bruxinhas, duendes e fadinhas, fazíamos perguntas esperando que o universo respondesse, do tipo: “Se ele gostar de mim, que um carro preto passe bem agora ou se for para acontecer, que uma folha caia agora da árvore”;
- Fazíamos o dia da beleza e nos divertíamos muito com isso. E, no final, nos achávamos “leindas”;
- Tínhamos vivido um triângulo amoroso, mesmo sem saber. Um dia (fatídico, diga-se de passagem) eu gostei de um “it” (do Inglês. Enquanto She é ela, He é ele, it é uma coisa). Neste mesmo dia fatídico, o it gostou da Caroca, que por sua vez esnobou o it. Só para você terem uma noção, o apelido do it era Chuck. Isso mesmo, o boneco assassino, mas, prefiro não comentar o caso.
- Éramos como Yin e Yang. Eu era a falante, a problemática, a ansiosa, a alegre, a neurótica (tudo num mesmo dia), enquanto a Caroca era a calma, a tranqüila, a companheira, a falante (também) e a filosófica;
- Por falar em filosófica, adorávamos criar teorias sobre tudo e todos. Principalmente sobre temas femininos. Éramos feministas e defendíamos nossos pontos de vista para qualquer um dos idiotas (homens) que conhecíamos;
- Ah, os idiotas em questão eram: Sérgio (o cara mais tosco, babaca e troxa que conheci, mas ao mesmo tempo o mais legal, sem sombra de dúvidas), Junior (que minha mãe insistia em dizer que se parecia com o Nalbert – o que nunca foi verdade), Igor (que, coitado, se sentia parecido com o Luciano Szafir. Desculpe-me Igor, mas nem depois da gripe suína, ta?!), Felipe (que não tinha nenhum dos defeitos que citei do Sérgio, mas também não tinha nem um 1/3 da única qualidade que citei. Resumindo: meio-termo, gente boa) e o Alan (“o produtor” – rsrs. Quanto a esse, prefiro não comentar. Não vou falar, não vou falar, VOU falar. Ele era o cão chupando manga no mapa do inferno de ponta cabeça, entenderam??? Eis que, acredite quem quiser, em nosso último reencontro, surge Alan, o Cara!!! Pois é, minha gente, o mundo dá voltas. O cão virou o gato!).
Mesmo com tanto em comum, obviamente, eu ainda via que não éramos tão parecidas assim:
- Eu continuava achando que ela tinha furado e passado várias vezes nas filas do céu nos quesitos cabelo, pele e peito;
- Detestava quando ela não demonstrava ciúmes das minhas outras amizades (esse ponto era foda, pois ela tinha um controle de suas emoções que me matava). Eu me mordia por causa do passado dela com a Midore e ela nada...;
- Por falar em auto controle, acho que sempre fui a “doente” da amizade. Enquanto eu chorava, gritava, gargalhava, berrava, cantava (ao menos pensava que...) e explodia, ela continuava lá, com aquela tranqüilidade absurda e aquele jeito reconfortante de ser;
- Ah, não podemos esquecer a história do it, né?! Afinal de contas, fui rejeitada por causa dela, certo?! (Só mais um adendo nesta história. Acredita que quando o it soube que nos tornamos amigas e sabíamos desse passado uma da outra, ele parou de falar conosco? Sério...);
- Outra coisa irritante na Caroca era que ela sempre sabia o nome de tudo. Tipo assim, enquanto eu tentava falar sobre uma música através do lá lá lá, ela sempre sabia o nome dela, da banda, do vocalista e etc. O pior de tudo é que a coisa se intensificava quando o assunto era em Inglês. Até hoje tenho essa dificuldade (mas hoje, graças a Deus, tenho o Google). Ela lembrava de nomes de filmes, de atores, de seriados de forma muito rápida.... ai, era um horror!
Mas, para fechar esse post, quero dizer que agradeço muito a Deus por ter colocado a Caroca em meu caminho. Ela foi uma pessoa muito importante e que contribuiu muito para tornar a minha transição da adolescência para a fase adulta em algo extremamente magnífico. Essa minha fase não teria o mesmo peso em meu coração sem a existência dela, com certeza. Ela foi a minha companheira das horas boas, boníssimas e maravilhosas, mas também das horas nem tão boas assim. Ficou do meu lado em todos os momentos, mas não deixou de me dar alguns puxões de orelhas, quando necessário. Era uma espécie de fortaleza para mim. Quando estava longe dela, mesmo tendo-a visto o dia inteiro, sentia muito sua falta.
Infelizmente nossas vidas têm que continuar seguindo por curvas próprias e, muitas vezes, algumas pessoas muito importantes vão se afastando, seguindo suas curvas também. Com isso outras pessoas cruzam nosso caminho e também deixam suas marcas.
Caroca, sei que nossos caminhos se desencontraram, mas tenha certeza de que, para mim, você é inesquecível!
Um beijo.
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