sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

História de Amizade No.2 – DEBAH


Bom, como prometido, hoje vou escrever sobre mais uma amiga. A bola da vez é minha grande amiga Deborah (tem que ser com h no final, senão ela dá chilique). Como sempre arrumo um apelidinho para minhas amigas, o dela é Debah (criativo, né?!). Ela sempre me chamou de miguxa (o que não me torna especial, pois ela chama todo mundo desta forma, mas tudo bem). Outro apelido recorrente é NegaChela. Tanto uma quanto a outra se chama assim de vez em quando. E a história que fez com que nos chamássemos desta forma revela muito sobre a personalidade da Debah.
Sem entrar em muitos detalhes, a Debah trabalhava com uma garota altamente (ou melhor, maloqueramente) “mana” que queria de todas as formas, puxar seu tapete. A tal mana chamava-se Michela e, enquanto a Debah me contava toda essa história, ela soltou a seguinte pérola: “Meu, se essa Negachela folgar mais uma vez comigo, eu não vou me segurar”. Mas como a Debah nunca desce do salto, ela completou: “Se ela pensa que pode comigo, ela está muito enganada. Ela não sabe com quem foi se meter. Vou chamar uns amigos manos para ela ver o que é bom ”. U-HU, essa é a minha amiga!
E realmente essa é a Debah. Mesmo nas piores situações ela não perde o bom humor.
Ela é, sem sombra de dúvida, minha amiga mais engraçada. E também a mais mimada (adora um drama), a mais exagerada (é tudo ou nada, como pode?!), a mais vaidosa (para ir à padaria, ela tem que passar batom e rímel, no mínimo. E fora a implicância dela com o meu pé, sempre por fazer!), a mais falante (às vezes tem que mandar calar a boca mesmo!), a mais “mulher de fases”, a mais.... ihhh, se eu começar não vou conseguir parar! RS
Praticamente todas as minhas histórias com ela envolvem fatos extremamente engraçados. Como, por exemplo, quando nos conhecemos.
Nós éramos estagiárias em um banco (eu, na verdade, porque ela sempre enfatizou que era uma P-R-O-S-P-E-C-T-O-R-A. Isso mesmo, ela fazia questão de falar seu cargo de forma pausada e glamourosa. A verdade é que ela também era uma estagiária, só que, enquanto eu ficava dentro de uma sala com ar condicionado, ela ficava batendo pernas o dia inteiro, no BRÁS, debaixo de um sol escaldante, gastando seu rico português na Febem e no Tribunal para tentar abrir contas e mais contas) e ganhávamos o super mega salário de um típico “escraviário”. Para se ter uma noção, nem vale-refeição nós ganhávamos, acredita. Portanto, além de sermos estagiárias, ainda éramos marmiteiras. E foi, graças a Deus, por conta desses momentos “requenta marmita”, que nos conhecemos. Era a 1 hora (tempo cronometrado para se almoçar) mais divertida do meu dia. Depois de pegarmos intimidade uma com a outra tivemos uma idéia para incrementar nossos almoços. Com a bagatela de R$ 5,00 comprávamos 2 pacotes de miojo, 4 (apenas 4) gomos de salsicha, 1 caixinha de molho de tomate pronto, 1 pacote de queijo ralado e fazíamos o maior banquete. Comíamos até passar mal, praticamente. Era o máximo. O problema é que a “forgada” da Debah às vezes não lavava sua parte na louça e a Lau (a copeira) acabava lavando por ela. O engraçado é que até hoje a Debah não sabe o porque a Lau não gostava dela.
Uma vez rolou de sobrar uma graninha para mim no fim do mês. Então resolvi comprar uma pizza brotinho para me esbaldar. Só que não se tratava de qualquer pizza brotinho. Era a brotinho da MAC Pizza. Para vocês entenderem melhor, devido aos preços exorbitantes, somente os gerentes pediam comida neste lugar. Bom, como isso era inédito para mim, pedi a melhor pizza do cardápio (portuguesa, óbvio). Quando fui dar a primeira garfada na minha pizza, a coitada da Debah (que tinha acabado de esquentar a sua marmita) me olhou com um ar chateado e perguntou: “Ká, você não vai me oferecer nem um pedaço?”. E eu, morrendo de fome, ansiedade e curiosidade (afinal, era um brotinho da MAC Pizza), respondi: “Lógico que não, só vem 4 pedaços e eu estou morrendo de fome. Você deveria ter economizado um pouquinho seu dinheiro para comprar um brotinho e comer comigo, isso sim”. Feio da minha parte, né?! Mas já paguei por essa atitude egoísta, ta?! Anos depois deste episódio, engordei 15 kilos e tive até que me submeter a uma lipoaspiração, ok?! Já não tenho mais débitos com a sociedade, exceto com a Debah, que insiste em contar essa história para cada pessoa comum entre nós.
Na época em que nos conhecemos eu ainda namorava um Zé, o que fazia de mim uma outra Zé, super santinha, cheia de frescuras, que não bebia, uma total careta (outra coisa que ela A-D-O-R-A frisar). Então, depois que terminei meu namoro, minha amiga Debah entrou em ação de vez. Tudo começou com o meu primeiro porre.
Era dia 12/06/2004, o patético dia dos namorados, eu arrastando um bonde danado por um dragão e a Debah arrastando outro por um chupa cabra. Nesta noite eu estava em casa, jogada às traças e eis que meu telefone toca. Eu corri para atender, óbvio, achando que fosse o dragão, mas era “somente” a Debah: “Miguxa, o que você está fazendo?”. E eu: “Nada Dé! E você?”. Debah: “Ah, nada também. Você não quer vim fazer nada aqui em casa?”. Eu: “Tá legal, to indo”. Debah: “Ah, passa no posto e trás uma garrafa de vinho, ta?”. Eu, meio em dúvida: “Tá?!”. Na casa dela estava a Cintia e a Cris (a Cintia é uma amiga das antigas da Dé e a Cris é amiga da mãe dela e mora com a Dé a muitos anos). Dividimos a tal garrafa de vinho em 3, pois a Cris não precisava afogar nada na bebida. Sem surtir muito efeito sobre nós, fomos até a “irmã” comprar mais uma garrafa. A irmã era a vizinha crente da Debah que tinha uma mercearia no quintal da casa dela. A Debah pagou a garrafa e demos as costas à irmã, que deixou claro em seu semblante o quanto era feio duas mocinhas beberem vinho. Detonamos a garrafa como se estivéssemos bebendo coca cola gelada em um dia muito quente. Como eu nunca havia bebido, senti que já não estava mais coordenando meus movimentos. Minha cabeça estava leve, minha língua travava toda vez que tentava falar uma palavra que tinha silabas da família do R, meu rosto estava formigando e eu comecei a sentir uma tremenda vontade de rir, rir de qualquer coisa, até do fato de não conseguir pronunciar direito a palavra rir. Neste momento a Debah teve uma grande idéia: “Vamos comprar mais um vinho na irmã!”. Eu não tinha mais nenhum tostão, a Cintia (uma enfermeira muito consciente dos efeitos da bebida) não queria mais beber e a Cris falou que não ia emprestar nem um centavo para a Dé. Então fomos lá, Dé e eu, clamar pela irmã. “Irmã”, “Irmã”, gritávamos. A Dé pediu mais uma garrafa, sendo dessa vez fiado, e disse que pagaria no dia seguinte. A irmã olhou bem assustada para a Dé e disse: “Sua mãe sabe que vocês estão bebendo?”. E ela disse: “Lógico que sabe. E pode colocar a garrafa na conta dela”. Gente, sinceramente, não lembro de muita coisa depois disso para contar à vocês. Retomei a consciência no dia seguinte, ao acordar. Estava em um quarto estranho, com roupas estranhas e com a cabeça latejando demais. Levantei e percebi que estava no quarto da Cris, com a Debah ao meu lado na cama e quando me olhei no espelho, vi que estava parecendo uma medusa (divindade da mitologia grega que possuía serpentes ao invés de cabelos). Eis que de repente ouço: “miguxa, seu cabelo ta um horror”. Então olhei para a Dé e soltei: “Você diz isso porque ainda não se olhou no espelho”. Suas olheiras estavam tão fundas que dava até medo, lembro-me. Então, ao sairmos do quarto, grudamos na Cris e pedimos para ela nos contar tudo o que havia acontecido. E foi o que ela fez:
- Segundo ela, a Dé e eu começamos a chorar por causa do Dragão e do Chupa Cabra;
- Eu, então, decidi falar com ele a qualquer custo, mas como havia esquecido o celular em casa, liguei para o 102 e pedi o telefone dele. Como a linha não devia estar no nome dele, o cara não achou o número, portanto fiquei chorando e contando toda a minha história de amor não correspondida para o atendente;
- Depois foi a vez da Dé ligar para o Chupa e ficar perguntando onde ele estava, o que estava fazendo, com quem estava, etc. Segundo a Cris, enquanto ela se humilhava via telefone, eu me enrolava no tapete da sala (nossa, que é isso!!!);
- A Cris fez a Dé desligar o telefone e a colocou para tomar banho. Nisso, ela vomitou no banheiro inteiro e começou a chamar por mim;
- Após me desenrolar do tapete para ir até a Dé, eu tropecei no galão d’água e derramei-o todinho pela cozinha;
- A Cris me ajudou a levantar, pois segundo ela eu levantei e escorreguei umas 18 vezes, e quando entramos no banheiro a Dé estava bebendo o Listerine no gargalo e dizendo que aquilo estava curando o porre dela;
- Após eu tomar um pouco de Listerine também, afinal se estava curando o porre da Dé iria curar o meu também, tomamos banho;
- Por fim a Cris nos vestiu e nos colocou para dormir.
FIM
Ah, agora sim. Agora podíamos entender o porque da cara de bunda e do mau humor da Cris!!!

Nossa, eu poderia contar outras 300 mil histórias nossas, mas, além de meus dedos não agüentarem digitar tanto, meu coração não agüentaria de tanta saudade.
Poderia descrever, por exemplo, quando a Déh perdeu a boca no MonteCristo (e principalmente quando ela se deparou com um alemão e disse: “Você fala português?”. E ele respondeu: “Hãn???”. Então ela disse: “Kiss-me”. E ele a agarrou e a partir deste momento começaram a se entender perfeitamente), ou quando ela ficou me zoando no Penélope depois que o meu ficante me traiu (na verdade nós estávamos nos beijando, então ele parou e pediu licença por um minuto. Ok, tempo concedido, fui me divertir um pouco com a Dé. Neste momento ela viu o FDP beijando outra. Então olhou para mim e começou a rir. Depois gargalhar. Depois chamar todos os que estavam conosco para mostrar o FDP passando minha baba para a vaca. Depois começou a me zoar dizendo que só eu para conseguir a proeza de ser corna de um ficante), ou aquela vez em que sua mãe, confiando em MIM e na minha responsabilidade, pediu para que guardasse o carro na garagem enquanto ia visitar a avó da Dé (e, ao invés da Dé ir visitar sua vozinha que estava doente, me fez pegar o carro e “dar uns rolezinho”. Só que esse rolé nos fez parar no Parque Savoy, no meio de uma favela, cheia de gente mau encarada, com a luzinha da gasolina quase gritando “porra, me abasteça urgente, senão eu paro aqui mesmo” e dependendo da ajuda de um pastor para nos ensinar o caminho de volta para o lar) ou então a vez em que fomos conhecer a Trash 80 (vez essa em que fui paquerada por uma mulher e dei em cima de 2 gays. Com relação a mulher, já estávamos de saída, no hall do caixa, e começamos a dançar em volta de nossas bolsas que estavam no chão esperando que a fila para pagar diminuísse. Eu percebi que uma moça que estava sentada em um sofá olhava para nós, o que não achei estranho, tendo em vista que parecíamos duas idiotas dançando em volta das bolsas. De forma simpática, eu juro, sorri para ela. Meu intuito era mostrar para ela que não éramos apenas idiotas, mas éramos legais também. Só que a mulher era sapata, e toda vez que nós olhávamos para ela, ela dava uma piscadinha e um sorrisinho. Quanto aos dois gays, aconteceu que quando eles entraram na balada eu fiquei apaixonada e fiquei dando em cima mesmo, mas na hora em que estávamos dançando no hall, eles passaram abraçadinhos por nós e ainda ficaram me encarando, pode?! O pior foi ter que agüentar a musiquinha que a Dé inventou: Piuí, Piuí, Piuí abacaxi, chove, chove, chove, sapata por aqui-i).
Realmente, são muitas histórias! E o que mais importa é que todas elas estão guardadas no meu coração.

E mais uma vez, cada vida seguiu o seu rumo. O mais bacana é que podemos ficar um bom tempo sem se ver ou se falar, e quando nos encontramos parece que o tempo não passou. Sinto que temos uma ligação espiritual, se me entendem. Somos muito parecidas e muito diferentes, também. Mas isso faz da nossa amizade algo muito especial.
Ter conhecido a Dé foi mais um dos vários presentes que Deus me deu. Sinto apenas pela nossa distância/ falta de tempo. Sei que isso soa como uma desculpa, mas é muito difícil conciliar. Mas, prometi que para 2.010 as coisas serão diferentes . Pretendo marcar mais encontros com a Dé, dar muitas risadas e, por fim, publicar as diversas pérolas que ela costuma soltar. Prometo!
Dé, sei que estamos distantes fisicamente, mas pode ter certeza, nossos pensamentos estarão sempre ligados. Você foi minha companheira, cúmplice, amiga, “ídola”, arroz de festa, pau para toda obra, entre outros. Tenha uma única certeza: “Estaremos eternamente ligadas através de nossos corações!”
Te amo, Negachela!

Bjos

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